AS SANTAS PASSEIAM NO INFERNO …

Santa não desiste, se cansa. A Santa tem essa coisa de ir até o fim, esgotar todas as possibilidades, pagar pra ver. A Santa paga mesmo. Paga caro, com juros e até parcelado. Mas não tem preço sair de cabeça erguida, sem culpa, sem "E se"! A Santa completa o percurso e ás vezes fica até andando em círculos, mas quando a Santa muda de caminho, nossa, é fim de jogo para nós. Enquanto a Santa enche o saco com ciúmes e saudade, para de reclamar e agradeça! Porque no dia que a Santa aceitar tranquilamente nos dividir com o mundo, a Santa ficou mais compreensiva, a Santa parou de se importar, já era. Quem ama, cuida! E a Santa cuida até demais, mas dar sem receber é caridade, não carinho! E elas estão numa relação, não numa sessão espírita. A Santa entende e respeita nosso jeito, desde que nós a supramos pelo menos o mínimo das suas necessidades, principalmente emocionais, porque carne tem em qualquer esquina. Muitos homens não sabem, mas além de peito e bunda, a Santa tem sentimentos, quase sempre a flor da pele. São damas, não dramas, procurem entendê-las. Santa não é boneca inflável, só tem quem pode! Levar muitos corpos pra cama é fácil, quero ver conquistar corpo e alma de uma mulher que na verdade são verdadeiras SANTAS.

HOJE ESTOU PESSIMISTA.

Descendo a rua, já não se reconhece a humanidade. 

Todos os marcos, tudo aquilo que é importante, que é belo, marcante, se foi. As pessoas adoeceram. Estão doentes de corpo e de alma. Uma doença degenerativa que jamais atinge a morte, mas destrói, destrói, destrói.
Descendo a rua, os cenários consomem a si mesmos, corroem-se e devolvem ao mundo nada mais que um refluxo de tédio. Todas as lojas fecharam. Já não há marquises, já não há bares, restaurantes, cinemas, padarias ou risadas. Todo barulho se calou. Todo olhar se apagou. Tudo ruiu. Em seu lugar, somente o pó… e as farmácias e as clínicas. Pessoas doentes. Aqueles que são doentes de corpo e de alma. Seus corpos são uma bactéria, suas almas são um vírus.
Descendo a rua, só as farmácias e as clínicas e os cubículos que vendem capinhas de celular e as lojinhas de 1,99. Tudo se desfez sob os pés das pessoas doentes. E a miséria faz parte da doença. As farmácias fazem parte da doença, os cubículos que vendem capinhas de celular e as lojinhas de 1,99 fazem parte da doença. Todo o resto virou poeira. Não há espaço para a vida. Felicidade é crime inafiançável.
Descendo a rua, lembranças apodrecem até virarem fantasmas feitos de bile. Não vivem, envolvem as pessoas doentes em seu abraço de mortalha.
Descendo a rua, vê-se a peste. Ela está no negacionismo, mas também está naqueles que jamais conseguirão sair dela, mesmo quando ela deixar de existir. Assim como aqueles que jamais conseguem sair da guerra, mesmo quando a guerra já acabou. Ambos os lados da mesma moeda. Todos são pessoas doentes. Constatar isso seria triste pra burro, só que já não existe tristeza. Só existe o vazio. Dessa mesma forma, não existem as lojas e os prédios, só as farmácias, as clínicas, as capinhas de celular, as lojinhas de 1,99, as farmácias.
Descendo a rua, abrem-se os portões do trem fantasma. E a doença faz morada nas esquinas e nos corações carcomidos das pessoas doentes. A força da doença está em seu canto de sereia. Descer aquela rua é tão fodido que vai chegar o momento em que você quase desejará estar doente. E quando cair em si, estará mesmo doente. E vai abraçar aquela mortalha com uma versão degenerada de um sentimento que poderia ser amor.
Descendo a rua, já não há humanidade. Se você dá de ombros à doença, você está doente. Se você luta contra a doença, é uma merda dizer isso, mas você também está doente. Porque para lutar contra a doença, é preciso olhar pra ela, e olhar por um tempão. Acaba se apaixonando. É como disse aquele cara, se você passa a vida a combater os monstros, torna-se um monstro, se você olha muito tempo pra dentro do abismo, o abismo olha pra dentro de você. Estão todos doentes. E não restou nada. E o que seria triste, se ainda existisse tristeza, é saber que abortaríamos qualquer possibilidade de renascimento do que quer que fosse, pois já estamos apegados ao nada, apegados à doença. Já estamos todos doentes. Tudo o que não é inexistência, já não nos diz respeito. E a mortalha nos envolve. Uma mortalha muito pior que qualquer morte.
Descendo a rua, já não há mais rua.
Descendo a rua, já não há você.

hunsaker

Sou o que sou. Sou incoerente por vezes, sou sonhador sempre, temo o desconhecido sem contudo deixar de arriscar, tenho planos e projetos, construí e ví cair em minha frente castelos. Como um anjo voei aos céus mas longínquos, e como um cometa caí. A queda me machucou, contudo me fez mais forte. Sou falho e impreciso. Simplesmente indefinível, enfim sou apenas um IGOR mas, o IGOR HUNSAKER.

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