PACIENTE 1805-01
Sempre fui atrevida. Desde cedo, descobri que adorava uma sacanagem e a sensação de estar aprontando. Ainda bem nova, beijava quem eu queria e depois que comecei minha vida sexual, aos 18, apaixonei-me por sexo casual. Transei com vários caras e curtia isso como ninguém. Só que, apesar de me divertir muito, no fundo, eu queria muito saber como era a sensação de amar e ser amada.
Um belo dia, conheci o tão aguardado príncipe encantado. E Deus caprichou no meu caso! Lindo, inteligente, gentil, bom de cama, divertido e louco, louco por mim. Nos apaixonamos completamente, e depois de dois anos decidimos nos casar! Lasciva, acredite, ele era mesmo o cara. Não tinha erro.
Eis que sem mal ter saído da puberdade, subi ao altar, vestida de noiva, com a festa dos sonhos. O tempo começou a passar, fui com ele para o exterior por alguns anos, vivemos tanta coisa! Nossa relação era simplesmente perfeita, exceto na cama. Confesso, a culpa era minha! Ele queria de todo jeito me comer, era habilidoso no sexo oral, fazia de tudo, era carinhoso, safado… Mas eu me sentia sexualmente oprimida pelo fato de tudo aquilo ser tão “correto”. Sentia falta de uma sacanagem, da coisa errada, de aprontar, do casual, do selvagem.
Mesmo vivendo uma vida sexual muito pobre pela minha falta de desejo, nosso casamento sempre foi maravilhoso. Uma amizade e cumplicidade que não vejo por aí. O tempo foi passando e fui me esquecendo de ser mulher. Engordei 30 quilos, não me arrumava mais e fugia de sexo sempre que podia.
Isso também afetou outras áreas da minha vida, porque minha autoestima já nem existia mais, de fato. Eu me sentia e me sinto muito culpada por ter alguém perfeito ao meu lado e não dar valor a tudo isso. Caí em depressão. Fiquei um ano deprimida, praticamente sem sexo.
Vi-me, depois dos 30, com mais de dez anos de casada, sem me sentir feminina, sem autoestima e com tudo para ferrar o casamento, que só ia bem porque ele era o cara mais compreensivo do mundo (reclamava, pedia mais, mas era muito compreensivo e sempre procurava me ajudar).
Até que um dia, vagando pela internet, encontrei seu blog. Me identifiquei tanto! Li tudo, cada artigo, os comentários, e senti tesão! Eu me lembrei o que era me sentir excitada! Terminava a leitura do texto e ia pesquisar mais. Comecei a ler sobre swing, sexting, erotismo, fetiches, e isso tudo de repente me lembrou que sou mulher! Chegava em casa do trabalho e corria pra internet para te ler e me lembrar mais um pouquinho do mundo que existia lá fora e que eu queria tanto.
Um belo dia resolvi que deveria experimentar sexo virtual. E fui. Fiz com um estranho, e amei! Minha autoestima começou a ressurgir. Comecei a controlar aquele impulso por comida (com o tempo, fui perceber que era exatamente por uma repressão sexual tão grande, que só a comida substitua tudo aquilo que eu não podia “devorar” de outras formas).
Comecei a emagrecer lendo seu blog, e lendo sobre sexo, quase todos os dias. Um dia, resolvi que deveria trair meu marido – eu me devia aquilo! E, em uma viagem a trabalho, fui a um swing. Lá eu tive a melhor noite de sexo da minha vida, do jeito que eu gosto, regada a perversões! Dei pra vários homens, experimentei mulher (e amei), saí de lá com a alma lavada e a buceta dolorida, rs.
Emagrecia mais e mais, o sexo no meu casamento melhorou! Comecei a transar muito com meu marido, o que acrescentou àquela relação de amizade e cumplicidade maravilhosa a um sexo muito bem feito.
Porém, sempre que peço ao meu marido para fazermos algo como ir a um swing ou um cruzeiro para casais, ele não admite sob hipótese alguma. Chamar outra mulher para transar com a gente? Nem pensar! Ele diz que qualquer coisa que envolvesse mais alguém na nossa cama (nem que só seja apenas olhando, veja só!), iria estragar nosso futuro, e acabaríamos nos divorciando, gerando sofrimento para nós dois. Quando somos só nós dois, vale tudo: ele ganha fio terra, me chupa, me fode, sexo anal, tapa, carinho, tudo. Só não pode envolver nenhuma outra pessoa, isso ele não admite. Traição então nem pensar! Jamais!
Bom, desde então, venho traindo meu marido com sexo virtual, presencial, e quando ele viaja, vou a casas de swing. Emagreci tudo que precisava, voltei a me arrumar, consegui a tão sonhada promoção no trabalho que melhorou minha situação financeira, retomei o gosto pela vida e meu casamento nunca esteve melhor. Final feliz? Não né…
Estou traindo meu melhor amigo, o cara que me ama e que não admite traição sob nenhuma hipótese. Isso iria acabar com ele, eu iria destruir seu coração. Só que é assim que eu me satisfaço sexualmente! Se eu perdê-lo, jamais me perdoaria, e eu sou louca por ele, apaixonada mesmo. Depois de mais de dez anos de casada eu ainda suspiro por ele.
Só que eu não consigo associar sexo apenas a amor. Eu sinto desejos. Quero sacanagem, swing, pornografia, outros homens me desejando, me comendo. Quero dar pra três na mesma noite, quero tudo isso! Definitivamente é isso o que me satisfaz na cama.
O que eu faço? Não suporto a ideia de viver longe dele, mas não quero nunca mais viver tanto tempo longe de mim mesma como eu fiz por tantos anos – isso só me deprimiu. A vida dupla seria minha única saída, mas eu estou enganando a pessoa mais legal, o cara mais decente que eu já conheci e que me trata como uma rainha.