Não era sobre sexo, sobre prazer.
Eu cheguei em casa cansada. Sabe quando o corpo dói, a alma dói, a vida dói e tudo dói junto?! Pois é. Confesso que acreditara que um banho quente, na verdade morno, resolveria todos os meus problemas. Ou costumava resolver.
Soltei os cabelos presos por um coque. Balançaram meio que levando o meio mundo que se encontrava nas minhas costas. Pronta para um banho meu corpo e minha mente estavam. Quando comecei a desabotoar a blusa eis que a campainha do apartamento toca. Quem poderia ser?! Eu não estava esperando ninguém. Até àquela hora.
Abri a porta e me fiz aparecer apenas o rosto. Ele me recebeu com um olhar doce, verde. Reabotoava as blusa enquanto ele pedia permissão adentrando a minha moradia. Disse que estava indo pro banho, ele respondeu dizendo que não se incomodava em esperar. O vinho que trouxera seria uma boa companhia enquanto eu me aprontava. Ele era dessas coisas. De chegar de surpresa, de me assustar. De melhorar tudo o que estava ruim.
Tomei um banho lento, delicado. Eu realmente estava cansada. Não havia mais nada a fazer por mim se não aquele banho. Reclamei para mim a respeito de um incomodo nas costas. Uma mão suave encontrou meus ombros e com um brilho nos olhos respondeu que poderia ajudar se eu não me importasse. Na verdade eu não me importaria. Acho que ele talvez ainda não tivesse certeza disso. Mas tudo bem, a timidez melhorava as coisas.
Não era sobre sexo, sobre prazer. Era sobre a vontade de ver o outro sorrir. Sobre apertar os ombros de alguém só pela vontade que aquela dor passe. Porque pra ele eu não merecia o sofrimento, qualquer que fosse. Talvez eu esteja apenas sonhando acordada enquanto fecho os olhos durante um banho de banheira. Talvez ele esteja aqui. Talvez eu realmente queira isso, desta maneira. Mas com certeza eu esperaria uma eternidade por essa sensação.