AS SANTAS PASSEIAM NO INFERNO …

Santa não desiste, se cansa. A Santa tem essa coisa de ir até o fim, esgotar todas as possibilidades, pagar pra ver. A Santa paga mesmo. Paga caro, com juros e até parcelado. Mas não tem preço sair de cabeça erguida, sem culpa, sem "E se"! A Santa completa o percurso e ás vezes fica até andando em círculos, mas quando a Santa muda de caminho, nossa, é fim de jogo para nós. Enquanto a Santa enche o saco com ciúmes e saudade, para de reclamar e agradeça! Porque no dia que a Santa aceitar tranquilamente nos dividir com o mundo, a Santa ficou mais compreensiva, a Santa parou de se importar, já era. Quem ama, cuida! E a Santa cuida até demais, mas dar sem receber é caridade, não carinho! E elas estão numa relação, não numa sessão espírita. A Santa entende e respeita nosso jeito, desde que nós a supramos pelo menos o mínimo das suas necessidades, principalmente emocionais, porque carne tem em qualquer esquina. Muitos homens não sabem, mas além de peito e bunda, a Santa tem sentimentos, quase sempre a flor da pele. São damas, não dramas, procurem entendê-las. Santa não é boneca inflável, só tem quem pode! Levar muitos corpos pra cama é fácil, quero ver conquistar corpo e alma de uma mulher que na verdade são verdadeiras SANTAS.

BEM, TENHO QUE DEFENDER TAMBÉM OS HOMENS, PELO MENOS ALGUNS….

Resultado de imagem para DEPOIS DO ORGASMO

Ouvi de minha amiga Consuelo uma queixa que me pareceu incongruente: “Lembra do Carlos? Dispensei. Ele era insuportavelmente grosseiro depois do orgasmo”. “Como assim?”, perguntei. “Vocês homens tornam-se incivilizados depois que conseguem seu orgasmo. Sobem na árvore, grunhindo para si mesmos, incapazes de dividir. “Dividir. Quantas vezes já ouvi esta palavra sair em estocadas da boca de uma mulher. Di-vi-dir. Em suma, o pobre Carlos, o fiel e dedicado Carlos, depois do orgasmo, quis assistir futebol. Nem um beijo, nem uma palavra de amor. Apenas o som frio e oco do controle remoto. Adeus, Carlos, você não quis di-vi-dir o “depois” do orgasmo.

Consuelo não é exatamente uma feminista, e a queixa, embora intelectualizada, me pareceu cheia de razão. É verdade, depois do sexo somos incivilizados: sofremos de fastio. Todos nós, homens, sofremos do fastio pós-coito. Mas por alguma razão sempre à espreita, talvez o terror antimachismo ou a política de boa vizinhança, temos de fingir que não. Disse firme para Consuelo: “Já não bastam as preliminares extensíssimas que vocês nos exigem, querem agora que fiquemos depois fazendo onda também…” Não sei se foi a palavra onda, mas o fato é que ouvi de Consuelo a seguinte frase: “Você é narcisista e egocêntrico”.

As mulheres são mesmo assim, sinceras. Nós é que somos os eternos mentirosos. E pagamos por isso. Mentimos (ou ao menos omitimos) que queremos ficar ao lado delas depois de totalmente saciados, quando, na verdade, queremos ligar a TV e ver os gols da rodada ou ir à cozinha comer um pedaço de pizza fria. Talvez seja hora de falarmos com a franqueza peculiar ao sexo frágil. Elas nos pedem que compreendamos seu tempo sexual. Nós compreendemos. Elas nos pedem que olhemos seu interior. Nós olhamos. Elas nos pedem que dividamos com elas a preocupação com a gravidez. Nós dividimos. Quero viver meu fastio pós-coito, meu pessoal e intransferível pós-coito, em paz. É meu singelo pedido.

Para nós, homens, parece nonsense o bailado feminino depois da cópula. Não entendemos como elas conseguem permanecer passarinhando ao nosso redor, esfregando seus pezinhos frios na nossa canela e beijando nossa orelha, se não há nenhum motivo gritante para isso. Já não cumprimos nossa missão, passo a passo – caprichamos nas preliminares, olhamos por dentro delas, usamos devidamente a camisinha contra gravidez e doenças? Elas já não estão coradas e felizes? Que mais esperam de nós, depois de tamanha explosão de energia? Não entendo. Há entre um orgasmo e outro um breve momento de indiferença gloriosa. É breve, mas existe. Depois do sexo, estamos fartos, cheios até a boca, boiando no torpor de nossos egos inflados e hormônios sedados, orgulhosos de nós mesmos e completamente indiferentes a ela – ou a tudo. Olhei para Consuelo e pedi: “Clemência! É que, depois do sexo, não precisamos de mais nada”. Consuelo fuzilou-me: “Vocês só nos dizem coisas doces para nos usar. Depois do prazer, não servimos nem para conversar”.

E isso não é ótimo? É como nos sentimos também – usados -, só que não julgamos isso negativo. Consuelo me cansa com a mania persecutória comum a todas as mulheres deste século. Pago por todos os homens opressores da história da humanidade – e quem sou eu? Um oprimido, um homem que não pode viver seu fastio pós-coito sem sustos, porque sabe que um quarto de hora mais tarde estará de novo no alto da montanha-russa da testosterona, prestes a implorar de joelhos que a amada o encha de beijos e ouça as perversões que guardou para ela. Quem é o usado aqui?

Calei-me. Não disse a Consuelo uma imagem que Toni, um amigo em comum, me deu certa vez sobre o momento depois do orgasmo. “Sabe”, ele me disse, “quando você encosta os dois pés na beirada da piscina para dar impulso e ganhar distância? Tenho vontade de fazer isso… na cama”. Ele não disse na cama, ele disse o nome da namorada dele. E completou: “Com todo respeito”. Toni ansiava por ganhar espaço, solidão, estar só com sua total – e fugaz – alforria do desejo. Sexo é prisão. Doce prisão. Se há alguém escravo numa relação de sexo, somos nós, os homens. O desejo nos acorrenta às mulheres; o momento pós-coito nos liberta. Nos sentimos livres, por alguns momentos, daquela angústia permanente que é nosso desejo ancestral de copular com todas as mulheres do mundo, distribuir nossos espermatozóides e proliferar nossas sementes sobre a terra.

É uma centelha de paz justa, merecida, neste universo tão caótico. E não há razão nenhuma para que sintamos culpa pelo fastio diante da nudez irada e tagarela da mulher que acabamos de satisfazer sexualmente e agora insiste numa conversa sem sentido.

IGOR HUNSAKER.

hunsaker

Sou o que sou. Sou incoerente por vezes, sou sonhador sempre, temo o desconhecido sem contudo deixar de arriscar, tenho planos e projetos, construí e ví cair em minha frente castelos. Como um anjo voei aos céus mas longínquos, e como um cometa caí. A queda me machucou, contudo me fez mais forte. Sou falho e impreciso. Simplesmente indefinível, enfim sou apenas um IGOR mas, o IGOR HUNSAKER.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Voltar ao topo