Embora seja exaustivamente discutida, a sexualidade humana continua sendo um tabu, vivemos em um mundo onde a liberdade sexual ganhou espaço enquanto no sentido oposto vemos uma onda crescente de proselitismo e conservadorismo.
Mas, de onde vem essa preocupação exagerada com a conduta sexual?
Para entender melhor o assunto, já escrevi alguns Textos sobre Sexualidade e Preconceito.
Embora as bases dos valores ético-morais de nossa cultura encontre suas raízes na tradição judaico-cristã, seria injusto atribuir ao Cristianismo o ascetismo em relação aos prazeres: o Cristianismo apenas preservou um legado que hostilizava o prazer e o corpo. Tal legado pessimista, que devia-se sobretudo a considerações médicas, tem suas origens na Antiguidade.
Pitágoras recomendava que as relações sexuais ocorressem de preferência no inverno, embora o fazer sexo fosse prejudicial em todas as estações do ano.
Hipócrates considerava que reter o sêmem proporcionava ao corpo a máxima energia; a sua perda, a morte.
Segundo Sarano de Éfaso, médico pessoal do Imperador Adriano, o ato sexual só se justificava para a procriação.
Esta visão redutora do sexo foi, sem dúvida, intensificada por uma das maiores escolas da filosofia antiga – o estoicismo – cuja grande influência se deu entre 300aC a 250d.C. Toda importância que, de maneira geral, os filósofos gregos reservavam à busca do prazer, foi radicalmente transformada por esta corrente de pensamento que passou a concentrar a sexualidade no casamento.
Este torna-se uma concessão àqueles que não podiam abster-se de relações sexuais;
“… uma permissão para a satisfação da luxúria ou do prazer para aqueles que os consideravam indispensáveis”.